Neste mês, gostaria de fazer algo diferente e me concentrar em apenas um de nossos projetos contraturno, pois as histórias são muito fascinantes e tenho certeza de que vocês vão gostar do que está por vir.
Projeto Contraturno em Penedo
Este novo projeto social de contraturno fica na cidade de Penedo, no Estado de Alagoas, região nordeste do Brasil. Eles já estavam promovendo atividades com as crianças três semanas antes da cerimônia oficial de inauguração, realizada dia 30 de setembro. Reinhard e eu (Debi) estávamos presentes na cerimônia, que foi muito comovente, tanto que a newsletter deste mês será toda sobre o evento.
Quando estiver lendo, você verá por quê.
Em primeiro lugar, quando estávamos dirigindo para o projeto para participar da cerimônia, nós dois comentamos como o lugar era remoto, aparentemente no meio de plantações de cana-de-açúcar.
Não fazia sentido para nós, isto é, até conhecermos a comunidade que vimos surgir por trás da cana-de-açúcar parcialmente colhida naquela época. Soubemos então que se tratava de uma comunidade quilombola, e, aparentemente, existem muitas dessas comunidades escondidas em muitas áreas remotas no Brasil.
Originalmente, essas comunidades eram escondidas intencionalmente, pois eram locais onde escravos fugitivos se refugiavam. Eles formaram e fortificaram esses locais de refúgio a partir do século 16, onde eles e seus descendentes permaneceram mesmo após a abolição da escravidão em 1888.
Muitos desses locais ainda existem hoje com os descendentes dos fugitivos originais. Mas, como você pode imaginar, toda a comunidade é muito pobre. Portanto, o lugar perfeito para um projeto social de contraturno ser construído.
O dia foi muito especial para a equipe, para os funcionários do governo que vieram para a cerimônia, para os pais e, principalmente, para as crianças.
Eles vieram de bicicleta, de motocicleta (com os funcionários do governo local vindo na van ao fundo). Eles vieram até mesmo na carroceria das pick-ups e foram embora da mesma forma.
Veja o video.
Muitas das crianças nesta comunidade são criadas por avós ou tios. Todos eles precisam de muito amor, respeito e amizade, que recebem em abundância de nossa amorosa equipe.
Havia um garoto em especial que Reinhard tentou desesperadamente fazer sorrir, mas o menino se recusou terminantemente.
Não podemos nem imaginar como deve ser sua vida para que uma criança tão jovem esteja tão deprimida. Se você pensar nele neste próximo mês, faça uma oração por ele, da forma como o Senhor o conduzir.
No momento, temos 103 crianças frequentando o local.
Testemunhos:
Duas das crianças foram convidadas a dar um testemunho sobre sua experiência nas primeiras semanas de atividades.
O primeiro menino disse que tinha vindo ao projeto apenas para brincar. Mas enquanto estava lá, ele aprendeu algo muito mais importante: amor, respeito… e então citou Mateus 7.12: “façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam”.
O segundo menino era muito mais novo e estava muito animado com a possibilidade de brincar e ter amigos pela primeira vez na vida.
Depois disso, uma das mães quis dizer algo. Entre as muitas coisas pelas quais ela elogiava o projeto e nossa presença na comunidade, uma frase em particular me levou às lágrimas. Ela disse: “Muitas vezes, pensamos em nós mesmos (ou nos vemos) como os esquecidos, mas Deus não se esqueceu de nós e enviou este projeto para a nossa comunidade para nos lembrar disso”.
Uma mulher veio até mim e outra foi até o Reinhard, e ambas disseram a mesma coisa: “Essa é a melhor coisa em nossa comunidade”.
Uma das melhores coisas sobre o projeto contraturno no local é o fato de que pelo menos três pessoas da comunidade trabalham lá: a faxineira, o auxiliar administrativo e a cozinheira.
Aliás, a história da cozinheira é incrível!
Enquanto o projeto estava sendo construído, eles precisavam de alguém que cozinhasse para a equipe de construtores (acho que eram cinco homens) que havia vindo de Salvador, que fica a cerca de seis horas de carro de Penedo.
Uma das mulheres da comunidade, que mora bem perto do projeto, se ofereceu para cozinhar para eles. Logo, ela e um dos trabalhadores descobriram que tinham uma atração mútua.
E para resumir a história, essa mãe solteira de 4 filhos e o construtor agora estão casados e moram na comunidade, e ela ainda está servindo a BKK hoje, muito feliz e com muita dedicação.
Por falar em dedicação, a faxineira nos contou no dia da inauguração que, na noite anterior, seu marido havia sofrido um acidente de moto que quase o levou à morte.
Ele se machucou muito, mas ainda conseguiu voltar para casa naquela noite. Ela nos contou sobre seu marido com lágrimas nos olhos e nos mostrou fotos dele.
Assim que viu o estado do marido, ela imediatamente pensou que não poderia ir trabalhar no dia seguinte, o dia da inauguração, mas então decidiu que sim, ela tinha que ir para servir às crianças.
Também nos contaram que, em uma das manhãs das três primeiras semanas, um garoto disse a um dos funcionários que odiava abraços e não acreditava no amor.
Mas, naquela mesma semana, ele foi para casa, abraçou a mãe e disse que a amava exatamente do jeito que ela era.
Como sempre, muito, muito amor de todos nós aqui no Brasil trabalhando e servindo ao Senhor na BKK.
